sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O paradoxo das gerações

Meu avô materno chegou de Portugal ao Brasil em 1951. Tinha 48 anos, e veio com os seus 2 filhos mais velhos, deixando em Portugal a minha avó e os outros 7 filhos mais novos. Durante os 2 anos seguintes, ele juntou dinheiro visando pagar a passagem de navio dos demais familiares que estavam em Portugal. No Brasil, trabalhou inicialmente como mestre de obras e depois como comerciante. Chegou no Brasil sem nada, mas quando veio a falecer, havia construído alguns imóveis comerciais e residenciais que permitiram a subsistência da família enquanto jovens. Uma vez que a minha avó veio a falecer, estes imóveis não foram herdados por ninguém, e sim comprados por mim do restante dos meus tios e da minha mãe. 

Dos seus 9 filhos, 7 eram mulheres e 2 eram homens. 7 estão vivos, mas vieram a falecer uma tia e um tio. Nenhum dos seus filhos fez curso superior e também não herdaram nada. Todos, sem exceção, possuem ou possuíram imóveis para geração de renda, casaram-se e nunca se separaram, e a renda principal atualmente advêm do aluguel destes imóveis. A aposentadoria do INSS serve como complementação da renda, mas não é a renda principal. Numa escala descendente, os seus filhos (meus tios) possuem ou deixaram um patrimônio aproximado de:

Filha A - ~R$70.000.000,00
Filho B - ~R$17.000.000,00
Filha C - ~R$8.000.000,00
Filha D - ~R$7.000.000,00
Filha E - ~R$5.000.000,00
Filha F - ~R$4.000.000,00 -> falecida
Filho G - ~R$3.000.000,00 -> falecido
Filha H - ~R$2.500.000,00
Filha I - ~R$400.000,00

Os filhos do meu avô tiveram a seguinte quantidade de filhos:

Filha A - 2 (1 com curso superior, 2 casaram e 1 separou)
Filho B - 3 (2 com curso superior, 1 não casou, 2 casaram e nenhum separou)
Filha C - 3 (1 com curso superior, 1 não casou, 2 casaram e 2 separaram)
Filha D - 1 (1 com curso superior, 1 casou e 1 separou)
Filha E - 2 (2 com curso superior, 2 casaram e 1 separou)
Filha F - 4 (2 com curso superior, 4 casaram e 3 separaram)
Filho G - 1 (nenhum com curso superior, 1 casou e não separou)
Filha H - 3 (2 com curso superior, 1 não casou, 2 casaram e 1 separou)
Filha I - 2 (2 com curso superior, 2 casaram e 1 separou)

Somando, temos um total de 21 netos, sendo que 13 fizeram curso superior. Com relação ao matrimônio, 3 nunca se casaram e 18 se casaram, e desses 18, 10 se separaram. 

Fazendo um perfil mais detalhado de como os netos foram criados, posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que todos eles tiveram o necessário para viver bem. Isto incluiu: plano de saúde, escola particular, curso de inglês, mesada, casa confortável etc. Agora vem a parte mais interessante: todos os netos são adultos hoje (o mais novo possui 32 anos), e do total de 21 netos, apenas 2 não dependeram dos pais ou dos sogros para: despesas do casamento E compra do próprio carro E compra da própria casa E “mesada“ para despesas das suas famílias, etc. 

Dos outros 2 netos que sobraram, um sou eu, e o outro é um primo que é servidor público federal e nunca se casou. Eu sou filho da “Filha I”, e o meu primo é filho da “Filha H”, ou seja, as filhas com menor patrimônio. Nenhum dos outros 19 netos prosperaram até agora, e dependem dos pais para complementar o pagamento de suas despesas ou de suas famílias.

Algumas questões, portanto, vêm à tona: 

1) facilitar a vida do seu filho não irá fazer com que ele cresça e se torne uma pessoa independente. Muito pelo contrário.
2) curso superior não garante nada hoje em dia, mas pode ser importante para dar os primeiros passos.
3) alguns valores do passado vêm se perdendo com o tempo. Isto inclui: trabalhar desde cedo com os pais e desenvolver habilidades empreendedoras, levar o matrimônio a sério, levar uma vida frugal, etc.
4) educar os filhos tendo um bom patrimônio pode ser mais difícil do que educá-los sem ter patrimônio algum.


Muitas destas questões podem ser lidas e confirmadas no livro “O milionário mora ao lado”, que recomendo a leitura.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Blog voltando! Evolução patrimonial atualizada e novidades

Caros colegas da blogosfera, depois de quase um ano sem postar, estou de volta. A minha ausência foi por pura falta de disciplina em escrever, mas 2014 promete, já que se tudo der certo estarei chegando ao primeiro sonhado milhão de reais. Como motivador extra, espero que essa troca de experiência sirva de aprendizado tanto pra mim quanto pra vocês. Sigo mantendo o meu anonimato como forma de expressar minhas ideias de maneira mais livre, sem rodeios.

Para começar, vou expor a evolução patrimonial. Acabei de completar 32 anos em janeiro/2014. A meta até o final do ano é chegar ao R$1.000.000,00. Será que consigo? É desafiadora, mas ao mesmo tempo factível. Vejam o gráfico abaixo:


Como podem notar,  no momento o patrimônio financeiro acumulado está em cerca de R$720.000,00, ou seja, faltam R$280.000,00 para chegar à meta de R$1.000.000,00. O que me motiva a acreditar que é possível: em 2013 consegui, junto com a minha esposa e a renda passiva gerada pelos nossos investimentos, acumular cerca de R$255.000,00, sendo que ainda viajamos para o exterior. Eu ainda não comentei com vocês como está a minha alocação de ativos. A tabela abaixo resume o momento atual:



Muitos vão estranhar a falta de dinheiro em ações e tesouro direto. O motivo é simples: no momento estou me preparando para fazer um grande investimento, que será assunto para um próximo post. O gráfico a seguir demonstra o quanto meus investimentos em renda passiva têm rendido ano a ano:


Grande parte desta renda provêm de aluguéis gerados em cima de 3 imóveis comerciais e 2 residenciais, que rendem cerca de R$3.750,00 por mês. Adquiri estes imóveis em 2011. Comprei todos eles juntos por cerca de R$355.000,00, quando ainda se encontravam em processo de inventário. Eles estão localizados em uma região de grande densidade populacional, o que ajuda a mantê-los sempre alugados. Junto com os imóveis ainda há uma área de terreno com potencial de construção. Posso afirmar com alguma certeza de que hoje estes imóveis valem pelo menos R$800.000,00, o que já me faria estar milionário. Não levo, contudo, esta valorização em consideração por que não penso em vendê-los. Para saber o que planejo fazer no futuro com o restante de terreno, fiquem atentos com as atualizações do blog!

Abraços e até lá!



domingo, 10 de março de 2013

Um certo tio José



Certa vez, perguntei a um já falecido tio da família – no qual vou chamar de José - , que foi muito rico, qual o melhor lugar para se ganhar dinheiro. Ele me disse: o Brasil! Demorei a entender o seu ponto de vista, afinal, aqui se paga tanto imposto e quase não vemos o retorno deste dinheiro. Eu não compreendia a sua resposta, mas tentar entender o seu ponto de vista era mais importante do que tentar questioná-lo, afinal este mesmo José começou “do nada”, foi um autêntico rico de primeira geração.

A sua explicação era simples: no Brasil existem diversas oportunidades inexploradas, enquanto que lá fora (leia-se países mais desenvolvidos) o mercado e as pessoas, já havendo percebido estas oportunidades, acabaram por torná-las menos óbvias de explorar.

O José veio de Portugal para o Brasil muito jovem, com 17 anos. Seu único dinheiro (emprestado do pai) foi totalmente gasto na passagem de vinda, de navio. Sua educação formal se limitou ao que hoje chamamos de ensino fundamental, feito em Portugal.


Eu, por outro lado, tive uma boa educação formal. Meus pais me proporcionaram uma ótima infância. Estudei em um ótimo colégio. Cursei uma concorrida faculdade pública. Comecei a trabalhar com 21 anos. Mesmo somando todas estas vantagens, me sentia abaixo dele no sentido de “conhecimento monetário”, pois por um lado, não poupava, por outro, não investia, como fazia o meu tio José.

A primeira fonte de renda do José foi trabalhar de empregado. Ao chegar de navio, ele não conhecia ninguém no Brasil. Não sabia para onde ir, onde dormir. A oportunidade que lhe apareceu naquele momento foi apenas uma: trabalhar de estivador do cais do porto. Com isso, o local onde havia desembarcado no Brasil havia se transformado em seu lar e local de trabalho.


Passados alguns dias naquela intensa rotina inicial, ele logo percebeu que aquela profissão não o deixaria confortável financeiramente. A sua preocupação então foi juntar o mínimo suficiente para abrir um negócio próprio. Decidiu então trabalhar como feirante.


O fato de ter trabalhado como feirante não lhe proporcionou automaticamente uma alta renda, mas um outro fator contribuiu, e muito, para que ele conseguisse progredir um pouco mais nos seus negócios: ele sabia viver com muito pouco.

Naquela época, principalmente na Europa, os recursos eram muito escassos. Raramente José se alimentava mais do que duas vezes por dia enquanto vivia por lá. Mais raro ainda era ver carne em suas refeições. Ele possuía apenas alguns conjuntos de roupas e um sapato. Economizava até no fósforo já usado. Graças a esse estilo de vida frugal que ele foi obrigado a aprender a praticar, acabou conseguindo juntar grande parte dos lucros que a sua barraca de feira proporcionava.

Sua segunda grande iniciativa empreendedora foi alugar uma loja e montar um abatedouro. Naquela altura, ele, já casado, havia percebido que esse tipo de estabelecimento poderia lhe proporcionar lucros vultosos na época. Ele conseguia isso comprando uma grande quantidade de aves e estocando-as para vender nas semanas seguintes por preços bem maiores, já que a inflação naquela época andava a galope. Além disso, não havia supermercado nas redondezas, e as pessoas costumavam comprar frango vivo para ser abatido na hora.


A renda do abatedouro, junto com o estilo frugal de sua família, possibilitou que ele abrisse uma casa lotérica em uma loja alugada. A partir deste ponto, seu patrimônio financeiro deu uma grande guinada. Os lucros da casa lotérica, junto com os lucros do abatedouro permitiram a ele explorar ótimas oportunidades no mercado imobiliário. Num período de 10 anos, José comprou terrenos, casas, construiu prédios, abriu lojas comerciais, postos de gasolina, casas de praia, etc... Depois de 30 anos desde que chegou ao Brasil, ele conseguiu até ser proprietário de um shopping.

Mas o dia-a-dia do José escondia alguns outros detalhes, por mais paradoxais que fossem: ele e sua família (minha tia e primos) viveram durante mais de duas décadas num apartamento alugado, mesmo muito depois dele possuir possibilidades de comprar um próprio. Além disso, os carros que adquiria nunca eram muito caros. Ele permanecia com um mesmo automóvel durante muitos anos. Os eletrodomésticos não eram os da moda. Lembro até hoje da sua antiga TV de 20 polegadas, que durou muito tempo até que ele a trocasse por outra.


Dessa forma, todas essas características faziam dele uma pessoa notável nos “3 passos” da riqueza.

Comparando com os dias atuais, podemos questionar este estilo de vida e argumentar que “a vida passa muito rápido”, e que temos que gastar e “viver a vida”  antes de morrermos. Pensei assim durante muito tempo. Isso parece ser mais plausível. Mas, por mais que eu “vivesse a vida” no estilo de gastar, mais efemeridade via nos meus gastos. A felicidade por comprar um tênis caro durava algumas horas, quem sabe alguns dias, mas não resolvia a minha insegurança. Isto me incomodava mais do que todas as outras coisas.

Logicamente, a insegurança estava ligada à questão financeira. O medo de perder o emprego, ficar doente e precisar de ajuda médica particular, ter que ajudar os meus pais e a minha família em uma situação de urgência, mas não poder por não ter dinheiro suficiente. Cheguei a conclusão que o estilo de felicidade baseada em gastar era como “enxugar gelo”.

A partir de então, passei a olhar as pessoas que viviam assim com uma outra visão: passei a admirá-los. Desde a minha mudança de postura, li dezenas de livros relacionados ao assunto “dinheiro”. Talvez esse tenha sido o meu melhor investimento. Já encontrei em livros que custavam menos de R$30,00 lições valiosíssimas, que me permitiram economizar milhares de reais de aprendizado.

Bom, mas o caso do José foi apenas um exemplo. As oportunidades raramente se repetem para pessoas diferentes em momentos diferentes. Todo ser humano pode achar um caminho de geração de renda, sem precisar recorrer à ilegalidade ou à falta de ética. Para isso, não precisa ser Phd em Física.




Minha mensagem final: "Busque o seu caminho assim como a água busca o seu trajeto em um rio."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O tripé da riqueza


Um dos principais desejos do ser humano é a liberdade de escolha. Nem todos a possuem, por motivos diversos. Um destes motivos, logicamente, é o aspecto financeiro. Mas por que este lado da liberdade de escolha, que é a adquirida através da independência financeira,  se manifesta mais para uns do que para outros?

Ao contrário do que possa parecer, acredito que existe uma forma, ou um caminho, para conquistar essa liberdade. Podemos provar isso através de estatísticas: mais de 80% dos considerados “independentes financeiramente” são de primeira geração, ou seja, não herdaram nenhum tipo de fortuna, bem ou influência que os colocassem nessa condição. Mas como essas pessoas conquistaram isto? Quais decisões elas tomaram para atingir este status?

O propósito deste post é ajudar a enumerar essas decisões; traçar um caminho que leve o cidadão comum à riqueza financeira, independente de sua profissão; um ponto de partida que pode começar a partir de hoje.

Para começarmos, caracterizo os itens abaixo como os fundamentos da acumulação de riqueza:

  • Ganhar dinheiro de alguma forma;
  • Gastar menos do que se ganha; 
  • Investir de maneira inteligente;

Cada um destes itens exige um aprendizado inicial, que não é imediato e nem é fácil. Dada a tamanha dificuldade, muitas pessoas não conseguem praticar os 3 passos: pior do que isso, a grande maioria só consegue praticar o primeiro, e há quem não consiga praticar nenhum.

Indo mais adiante, percebo que os 3 passos da acumulação de riqueza podem nos revelar muitas coisas: é comum conhecermos pessoas que praticam muito bem um dos passos isoladamente. Estas pessoas se tornam notáveis nas suas áreas de atuação, mas não se tornam independentes financeiramente.

Os que são notáveis apenas no primeiro passo entendem que o que realizam profissionalmente é o que há de mais importante para conquistarem a sua independência financeira, e  o resto será conseqüência. Geralmente, este grupo “trabalha bastante”, mas vive com a sensação de “não estar saindo do lugar”, em termos financeiros.

Os que são notáveis apenas no segundo passo conseguem levar uma vida controlada, mas vivem com o sentimento de medo de perder o que conquistaram. Muitas vezes, para serem bons no que fazem, abrem mão do conforto, do lazer e do desejo pessoal.

Os que são notáveis apenas no terceiro passo vivem com a pulga atrás da orelha: levam uma vida de idas e vindas, pois sabem como fazer o dinheiro crescer, mas nunca têm dinheiro suficiente para conseguirem a tranquilidade financeira.

Os 3 passos da acumulação de riqueza nos revelam mais uma informação valiosa: é melhor ser mediano nos 3 passos do que notável em 2 passos.

Os 3 passos funcionam como um tripé que precisa ficar em pé: é melhor um que seja baixinho e atarracado do que um grande mas sem uma perna.

Podemos dizer também que o primeiro passo é o originário, o segundo passo é o de amadurecimento, e o terceiro passo é o evolucionário.

Por ser evolucionário, o terceiro passo é o mais poderoso, pois nos permite ir mais além de onde nos encontramos. É o “elevador” da escala de riqueza.

Minha mensagem final: "Não pense apenas no seu salário, pois na matemática financeira o expoente é muito mais importante do que a base!"


sábado, 26 de janeiro de 2013

Como invisto em ações

Comecei a investir em ações em 2003, mas comecei a ganhar dinheiro a partir de 2009. O lógico seria eu ter ganho muito dinheiro com isso (já que a bolsa subiu bastante entre 2003 e 2007), mas não foi exatamente o que aconteceu. Posso dizer que na verdade devo ter saído com um prejuízo de uns R$20.000,00. Se tivesse aplicado na poupança neste período, teria hoje + R$28.000,00.

Contudo, tudo isto foi bom.

Em 2003 eu tinha 21 anos. O investidor iniciante sempre começa com ações de empresas conhecidas: Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Bradesco, etc.. O interessante é que normalmente o iniciante não entende os fundamentos de seus investimentos. Investe por que ouve falar que estas empresas são boas, e que são grandes e importantes.

O investidor iniciante também é muito suscetível a emoções, e estas emoções fazem com que ele siga exatamente a estratégia perdedora: comprar na alta e vender na baixa.

A partir de 2009 passei a ganhar dinheiro na bolsa. E desde então são 4 anos batendo o iBovespa.

A pergunta é: qual foi o divisor de águas que determinou esta mudança? Será que isto irá perdurar?

De 2003 a 2008 fui fundamentando a minha estratégia de investimentos a partir do que aprendi com a prática e com os livros. Abaixo comento estas lições:

O que aprendi na prática:

1) Objetive encontrar ações que valorizarão ao menos 1000% em 10 anos

1000% parece muito em 10 anos? Pois bem, isto equivale à uma taxa composta de 27,1% a.a.. Diversas empresas conseguiram igualar ou superar esta taxa nos últimos 10 anos. Vou citar várias, mas a conta passa de diversas dezenas:

  • Bradespar (BRAP4). Em jan/03 o papel valia R$2,88. Em jan/13 vale R$30,52. Valorização de 1060%
  • Eternit (ETER3). Em jan/03 o papel valia R$0,77. Em jan/13 vale R$8,57. Valorização de 1113%.
  • AES Tietê (GETI3). Em jan/03 o papel valia R$1,69. Em jan/13 vale R$19,20. Valorização de 1137%
  • Ferbasa (FESA4). Em jan/03 o papel valia R$1,06. Em jan/13 vale R$12,46. Valorização de 1176%.
  • Banco do Brasil (BBAS3). Em jan/03 o papel valia R$2,00. Em jan/13 vale R$25,40. Valorização de 1270%.
  • Ambev (AMBV4). Em jan/03 o papel valia R$7,01. Em jan/13 vale R$92,40. Valorização de 1319%.
  • Sabesp (SBSP3). Em jan/03 o papel valia R$6,37. Em jan/13 vale R$90,77. Valorização de 1425%.
  • Confab (CNFB4). Em jan/03 o papel valia R$0,42. Em jan/13 vale R$5,99. Valorização de 1426%.
  • Souza Cruz (CRUZ3). Em jan/03 o papel valia R$1,99. Em jan/13 vale R$32,30. Valorização de 1624%
  • Grazziotin (CGRA4). Em jan/03 o papel valia R$0.90. Em jan/13 vale R$18,00. Valorização de 2000%.
  • Hering (HGTX3). Em jan/03 o papel valia R$0,45. Em jan/13 vale R$36,50. Valorização de 8111%.

Esta taxa garantirá o primeiro milhão (de reais) em 10 anos, para quem tiver a capacidade de guardar ao menos R$2.500,00 por mês, sem considerar a inflação. Observe também que não estou considerando os dividendos pagos, que fazem uma substancial diferença na rentabilidade dos papéis.

A pergunta é: Como identificar tais papéis? Prever o futuro é impossível, mas enxergar o mais próximo possível dele é. Continue lendo este post até o final.

Nota: a inflação acumulada neste período foi de 77,16%.

2) Não invista em empresas muito grandes (mais do que R$80 bilhões em valor de mercado)

O motivo que me faz não considerar investir em empresas muito grandes tem uma relação direta com o item anterior. Para exemplificar:

  • A Ambev (AMBV4) vale cerca de R$289 bilhões, ou aproximadamente 6,3% do PIB Brasileiro (US$ 2.3 trilhões)
  • A Petrobras (PETR4) vale cerca de R$256 bilhões, ou aproximadamente 5,6% do PIB Brasileiro
  • A Vale (VALE5) vale cerca de R$208 bilhões, ou aproximadamente 4,6% do PIB Brasileiro

Juntas, apenas estas três empresas correspondem a cerca de 16,5% do PIB Brasileiro.

Agora imagine: qual a possibilidade de que empresas deste tamanho cresçam 10 vezes (valorização de 1000%) o que valem atualmente nos próximos 10 anos? Caso isto se concretize (bastante improvável), tais empresas valerão, juntas, mais do que o PIB atual do Brasil daqui a 10 anos.

Para os que observaram a Ambev no item anterior, observem que a fase de comprá-la já passou... hoje ela é uma empresa completamente fora do meu radar.

3) Tenha sempre ao menos 20% do dinheiro de investimento em disponibilidade imediata.

O mercado oscila, e às vezes bruscamente. Caso ele oscile bruscamente para baixo (-15% em um mês, por exemplo), uma nova janela de oportunidade de compra poderá se abrir, mas isto de nada adiantará se você estiver com o seu dinheiro completamente alocado, sem poder aproveitar esta oportunidade.

Caso o mercado oscile para cima, venda papéis suficientes para manter os 20% de disponibilidade imediata.

4) Não leve analise técnica muito a sério.

O grande problema da análise técnica é que ela pode te levar a diferentes interpretações. Para QUALQUER situação de mercado sempre haverá uma técnica que te dirá que há um momento de compra, e outra que te dirá que há um momento de venda. Isto vira quase que um jogo, onde os que vencem dizem que ela funciona, e os que perdem dizem que ela não funciona.

A rotina do grafista (quem utiliza analise técnica) é muito estressante, além de arriscada. Não conheço ninguém que ficou extremamente rico com análise técnica. Não me compatibilizo com o perfil dos grafistas famosos, como Alexander Elder, Didi e Márcio Noronha.

5) Seja comedido com investimento em opções.

Não recrimino o investimento em opções, principalmente a venda coberto. O que não entendo é como alguns investidores que nem conseguem ganhar dinheiro com ações acreditam que podem pular etapas e ganhar dinheiro com opções. Opções requer atenção e acompanhamento. O que não me motiva investir em opções é o fato de que é possível e muito mais prático e racional ganhar muito dinheiro com ações. Só para exemplificar, Warren Buffett é considerado o maior investidor de todos os tempos por que conseguiu uma média anual de 20% .... durante ... 40 anos ... e ele investiu majoritariamente em ações.

É racional que os investidores iniciantes não se iludam quando ouvirem um colega dizer que ganhar "fácil" 40% ao ano com opções. Pense nisto: se fosse fácil, Warren Buffet já teria sido superado diversas vezes por outros.

6) Não compre lotes de ações muito pequenos. Fique de olho nas taxas de corretagem.

Se você compra lotes de ações muito pequenos, pode ter que almejar uma rentabilidade muito alta para que possa compensar os custos com corretagem. Por isso evito o mercado fracionário ou compras menores que R$5.000,00.


O que aprendi nos livros e nas palestras:

1) Não invista em empresas de tecnologia e aviação.

Esta lição eu aprendi com Lirio Parisotto, um grande investidor brasileiro. A razão óbvia para a não escolha destas empresas é que tais setores ou são difíceis de prever e projetar, ou por que são extremamente suscetíveis à concorrência de preços, o que acaba afetando o fluxo de caixa e levando ao endividamento. Vale lembrar que são pouquíssimas as empresas destes setores com mais do que 30 anos de vida.

2) Procure por empresas boas E baratas, não boas OU baratas.

Achar empresa baratas é fácil. Achar empresas boas também. O difícil é achar empresas boas E baratas. Como encontro estes papéis? Sugiro ler sobre a fórmula mágica de Joel Greenblatt.

3) Não invista em empresas endividadas ou que não dão lucro.

Pra que analisar empresas endividadas se o mercado me oferece um leque ENORME de opções melhores (empresas lucrativas e com dinheiro em caixa)?

4) Faça uma carteira de ações diversificada, mas não muito (até 10 papéis de setores distintos).

A diversificação é um importante componente de mitigação de riscos. A diversificação em excesso, ao contrário, é um indesejável componente que prejudica a rentabilidade e dificulta o acompanhamento da carteira.

5) Seja comedido quando a maioria está agressivo e seja agressivo quando a maioria está comedido.

Traduzindo: compre na baixa e venda na alta. Difícil?

O que eu considero baixa:

  • iBovespa com -15% em um mês
  • iBovespa com -35% em um ano
O que eu considero alta:
  • iBovespa com +10% em um mês
  • iBovespa com +40% em um ano.


Pense nestes filtros na hora de comprar e vender os seus papéis.


Qual a minha técnica:

Minha técnica é uma aperfeiçoamento da fórmula de Joel Greenblatt. Quinzenalmente analiso os papéis da bolsa. Desenvolvi um software (sou da área de tecnologia) que me permite obter os indicadores fundamentalistas de todos os papéis da Bovespa com atraso de 1 dia. A partir daí aplico alguns filtros:

- P/L (indicador Preço/Lucro) entre 0 e 11.
- ROE (Retorno sobre o Patrimônio) maior do que 9% a.a.
- Liquidez diária de ao menos R$24.000,00.
- Patrimônio Líquido entre R$200 milhões e R$80 bilhões.
- Crescimento médio da receita nos últimos 5 anos maior do que 8% a.a.
- Empresas que não sejam dos setores de Tecnologia ou de Aviação.
- Relação (Dívida Bruta / Patrimônio Líquido) de até 0,2.
- Pagamento médio de dividendos nos últimos 5 anos de ao menos 3% a.a.

Do que sobra, faço uma análise do valor do papel naquele momento: a cotação atual do papel está muito próxima da maior cotação nas últimas 52 semanas (aprox. 1 ano)? Caso afirmativo, espero um momento de baixa para comprar o papel. Caso negativo, coloco ele no meu radar para compra.

Nos próximos posts falarei um pouco mais sobre a minha forma de investir.

Para finalizar, cito uma frase de Warren Buffett: "Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo."


quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Minha evolução patrimonial

Como já disse anteriormente, o aumento de patrimônio não é um bom indicador de saúde financeira: o melhor indicador é o fluxo de caixa. Apesar disso, começarei demonstrando minha evolução patrimonial para contextualizar os leitores.

No gráfico a seguir é possível visualizá-la ao longo dos últimos 10 anos. Comecei a trabalhar em 2003 em um estágio que me pagava R$320,00 reais por mês. Estava no sétimo período da faculdade. Hoje trabalho em uma empresa pública, atuando na área de tecnologia.

Evolução patrimonial dos últimos 10 anos


Atualmente o meu salário gira em torno de R$10.000,00 + benefícios (salário bruto). Acabo de completar 31 anos. O meu objetivo sempre foi depender cada vez menos do salário para sobreviver, ou seja, ser capaz de gerar uma renda passiva que consiga pagar as despesas pessoais da minha família. Sou casado, mas ainda não tenho filhos. Minha esposa colabora com as contas da casa e possui um salário equivalente ao meu, apesar de seguir outra profissão.

Hoje possuo um patrimônio de cerca de R$450.000,00. Os mais atentos irão observar que a curva de evolução patrimonial vêm se acentuando bastante desde 2010: isto é um reflexo direto da influência da renda passiva gerada pelos investimentos e pela renda da minha esposa. Em tempo: nos casamos em 2009.

Uma outra observação importante se refere aos anos de 2008 e 2009, que pouco contribuíram para a evolução patrimonial. A explicação é: sofri com a crise da bolsa em 2008 e em 2009 me casei e passei a lua de mel no exterior.

No próximo post falarei um pouco mais sobre a minha alocação de ativos e as minhas estratégias para geração de renda passiva.

sábado, 6 de outubro de 2012

Fluxo de caixa ao invés de aumento de patrimônio

O português bem sucedido calcula sua riqueza de acordo com o seu fluxo de caixa, e não de acordo com o seu patrimônio.

Qual a diferença destas duas modalidades?

A riqueza de acordo com o patrimônio é a soma de todos os bens que uma pessoa possui. Vale dizer que nem tudo que uma pessoa possui gera renda. Exemplo: casa própria.

A riqueza de acordo com o fluxo de caixa é a soma da renda gerada a partir da renda passiva. A renda passiva é tudo o que é gerado como renda provinda de investimentos, tais como: aluguéis, juros, dividendos, royalties, etc.

Se formos calcular a riqueza de acordo com o patrimônio, podemos dizer que mais da metade da população da Zona Sul do Rio de Janeiro, que é dona do próprio imóvel, é milionária. Isto por que a maioria dos apartamentos desta região valem mais de R$1.000.000,00 de reais. Contudo, se uma pessoa possui um apartamento deste tipo mas não possui nenhuma renda passiva e se sustenta apenas com o salário, esta pessoa está longe de se tornar independente financeiramente.

Se formos calcular a riqueza de acordo com o fluxo de caixa, podemos dizer que um escritor de livros que mora de aluguel, mas que recebe R$20.000,00 de royalties de livros publicados está mais perto de se tornar independente financeiramente do que o morador da Zona Sul dono do próprio imóvel mas que depende do salário (do seu trabalho) para sobreviver.

A estratégia do português bem sucedido é a mesma ao longo de muito tempo: manter um estilo de vida frugal, não pegar empréstimos, acumular dinheiro, comprar imóveis comerciais e residenciais e alugá-los. Com isso, ele visa o aumento da renda passiva.

Muitos investimentos de renda passiva são quase que eternos e podem ser transferidos por herança. O maior exemplo são os imóveis alugados.

Já o assalariado de alta renda está vinculado a manter o seu salário apenas enquanto ele trabalha. Dessa forma ele tem que visar gerar renda passiva enquanto ganha um alto salário.

Conheci pouquíssimos portugueses no Brasil trabalhando como empregados com um altíssimo salário. Mas conheci muitos portugueses que começaram como empregados com baixos salários, mas que ao conseguirem juntar um dinheiro, compraram seus próprios imóveis para começar algum um negócio.